Fórum Justiça

19/06/2013 – 17:11h – Atualizado em 19/06/2013 – 17:19h

Renata Sequeira

Declaração foi feita no seminário «Criando Novos Caminhos: Articulação da Rede de Proteção aos Refugiados e suas Famílias»

Charly Nzalambila chegou ao Brasil a cinco anos atrás fugindo da repressão política no Congo, seu país de origem, que se tornava cada vez mais violenta. Ele é um dos quatro mil refugiados, reconhecidos pelo governo brasileiro, que encontraram abrigo e uma chance de recomeço no Brasil. Charly contou um pouco de sua história no seminário “Criando Novos Caminhos: Articulação da Rede de Proteção aos Refugiados e suas Famílias”, que aconteceu nesta quarta-feira (19/06), na OAB. Na ocasião, o secretário de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, adiantou que vai propor uma conversa com o Ministério da Justiça para a construção de um abrigo específico para o acolhimento dos refugiados.

“Atualmente, os refugiados são encaminhados para os abrigos próprios da secretaria e são acompanhados pela rede da assistência social, mas reconheço que eles precisam de um espaço com características diferentes. Por isso, vamos propor uma conversa com o Ministério da Justiça, o Ministério Público e outros órgãos para discutir essa possibilidade”, destacou o secretário que propôs também a inclusão dos refugiados no Cadastro Único:

“Outra sugestão é, por meio do Comitê Estadual Intersetorial de Políticas de Atenção aos Refugiados, conversar com o Ministério do Desenvolvimento Social sobre a possibilidade de incluír essas pessoas no Cadastro Único e, assim, ampliar a oferta de serviços sociais como o Bolsa Família e o Renda Melhor”.

O evento foi organizado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), juntamente com a Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro (CARJ), que são importantes parceiros da secretaria na elaboração do Plano Estadual de Políticas de Atenção aos Refugiados. O documento está em fase de finalização e o próximo passo é a publicação, por meio de decreto, no Diário Oficial.

“Esse instrumento é mais um compromisso do Governo do Estado com os Direitos Humanos e com um estado acolhedor”, conclui o secretário.

O seminário marcou o Dia Mundial do Refugiado, 20 de junho, conforme resolução da Assembleia Geral da Nações Unidas em 2010. Na ocasião, o ACNUR lançou o relatório “Tendências Globais do Refgio 2012 com dados sobre o perfil do refgio no Brasil e no mundo.

“Hoje não é um dia de celebração, de uma festa de alegria, porque a questão dos refugiados é de drama, é de uma tragédia humana de dimensões muito grandes. Mas é um dia de lembrar a solidariedade construída todos os dias pelos refugiados e que perderam tudo, muito antes, de vir para o Brasil”, disse Andrés Ramirez, representante da ACNUR no Brasil.

Do total de quatro mil refugiados, o Estado do Rio de Janeiro concentra mais da metade dos refugiados, com aproximadamente 2500 pessoas. Charly, atualmente, ajuda conterrâneos e refugiados de outros países da África.

«Fico triste em saber que essas pessoas que eu ajudo passaram por muitas coisas, mas, ao mesmo tempo, feliz em poder ajudá-las. A principal dificuldade de quem procura refúgio no Brasil é a língua e, consequentemente, a busca por emprego, mas é um lugar maravilhoso. Encontramos pessoas de várias partes do mundo e isso facilita a nossa integração”, explica Charly.

http://www.rj.gov.br/web/seasdh/exibeconteudo?article-id=1636227