Afegã condenada por ter sido estuprada pede indulto a presidente
Gulnaz, de 21 anos, já reuniu mais de 5.000 assinaturas para sensibilizar Hamid Karzai
Depois de ser estuprada pelo cunhado, engravidar e ser presa por adultério, a afegã Gulnaz, de 21 anos, pedirá indulto ao presidente de seu país, Hamid Karzai. Inicialmente condenada a 12 anos, a mulher viu sua pena ser reduzida para três anos, dos quais dois já foram cumpridos.
A norte-americana Kimberly Motley, advogada da afegã, reuniu 5.000 assinaturas e deverá apresentá-las a Karzai juntamente com um pedido de perdão de Gulnaz. “Se o presidente decidir se mostrar clemente, algo em que acredito, estará mostrando seu apoio às mulheres afegãs”, afirmou Motley.
Gulnaz foi estuprada aos 19 anos e não denunciou o agressor, por medo represálias. Poucas semanas depois, no entanto, descobriu que estava grávida e teve de contar à família.
Julgada por adultério, a afegã foi condenada à mesma pena do cunhado. Pela cultura do país, a mulher só recupera a honra e a liberdade após um estupro ou adultério caso se case com o criminoso.
No último dia 23, um tribunal de Cabul reduziu a pena de Gulnaz, mas manteve a condenação alegando que ela “demorou demais” para prestar queixa. “Gulnaz alega que foi estuprada. Mas devido ao fato de que ela reportou o crime somente quatro meses depois, não conseguimos encontrar nenhuma evidência do ataque», afirmou Rahmatullah Nazari, porta-voz do procurador geral da capital afegã, à CNN.
Também em entrevista à CNN, o agressor da afegã negou o estupro e afirmou que caso Gulnaz deixe a prisão, poderá ser vítima de um assassinato de honra, cometido provavelmente por sua própria família.