Fórum Justiça

114 vídeos, uma só história: a verdade sobre as remoções no Rio de Janeiro

03/10/2013

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Na preparação do Rio de Janeiro para a Copa do Mundo e as Olimpíadas, mais de 100 mil pessoas já foram removidas ou estão ameaçadas. Este vídeo utiliza imagens da internet feitas por moradores, ativistas, movimentos e jornalistas para denunciar as violações de direitos humanos no Rio de Janeiro. A compilação faz parte de um projeto de curadoria ativista de vídeos, que passou 18 meses identificando, verificando e sistematizando 114 vídeos divulgados sobre o tema entre 2008-2012.

ASSISTA AO VÍDEO DE LANÇAMENTO:
http://youtu.be/2eAIKhFj0m4
VEJA O QUE O PROJETO REVELOU:
http://rio.portalpopulardacopa.org.br/curadoria
FAÇA O DOWNLOAD DA PESQUISA COMPLETA:
http://bit.ly/CuradoriaVideo
A montagem do vídeo é de Vladimir Seixas e a pesquisa de Glaucia Marinho, Gizele Martins e Priscila Néri.
DIVULGUEM!

 

Rio de Janeiro. Palco da final da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016. A menina dos olhos, a mais bonita, a mais cobiçada. Rumo aos grandes eventos mundiais, um ritmo frenético de mudanças na cidade, obras por todos os lados. Mas longe dos holofotes, uma disputa gigante em curso – uma disputa por terra, cidade, espaço, direitos.

E na linha de frente, dezenas de comunidades cariocas, que – de repente – viram-se ameaçadas de extinção. Os relatos começaram a surgir em 2009. Histórias de tratores da Prefeitura chegando sem aviso para demolir comunidades inteiras, de famílias sendo ameaçadas para deixar suas casas, de vidas destruídas.

Mas apesar de todas essas histórias, as autoridades continuavam insistindo que nada disso estava acontecendo. Diziam que estavam enganados quem faziam as denúncias, ou que eram politiqueiros com segundas intenções partidárias e eleitoreiras.

Para encontrar a verdade, uma equipe investigativa passou 18 meses mergulhada nas redes sociais para mapear, verificar, contextualizar e sistematizar as denúncias feitas em vídeos sobre remoções forçadas no Rio de Janeiro rumo à Copa e Olimpíadas. O retrato que surgiu é estarrecedor – encontramos 114 vídeos, feitos pelas mais variadas fontes, comprovando gravíssimas violações de direitos em 21 comunidades cariocas, do direito à informação passando pelo direito ao devido processo legal e ainda por denúncias de violência, ameaças e intimidação por parte do poder público.

vídeo acima destaca trechos de alguns dos depoimentos que mais nos impactaram. Para ler o relatório completo das conclusões e motivações do projeto,clique aqui.

“Quando veio tirar a gente daqui, falou que a gente era lixo, que ia remover o lixo da Avenida das Américas. Eu tô indignado com isso. Fica promessa do secretário de Habitação que ia indenizar a gente mas só tá na promessa – cumprir ninguém cumpre. O povo aqui foi tratado igual a lixo. Aqui tinha 150 moradias e comércios. Não deu nenhum tipo de indenização pra gente, os comerciantes não receberam nada, nem um real. Eu tô indignado, esse país não tem lei. Se eu tivesse condição eu ia embora daqui, eu tenho vergonha de ser brasileiro. Eu me sinto um otário, porque quando o Brasil ganhou essa porra de Olimpíadas, eu tava na Linha Amarela e fiquei buzinando igual um bobão. E agora tô pagando isso aí. Isso que é Copa do Mundo, isso que é espírito olímpico? Até concordo com o progresso, ninguém tá aqui pra atrapalhar o progresso, mas não pode passar uma avenida por cima do pobre, isso não entra na minha cabeça não”

-Michel, Morador em Vozes da Missão: Restinga

O que fizemos?

Para chegar à verdade, uma equipe investigativa passou 18 meses vasculhando as redes virtuais e presenciais em busca de respostas. Por considerar o vídeo uma das ferramentas mais irrefutáveis de registro e denúncia, decidimos focar a nossa busca em vídeos denunciando remoções forçadas de comunidades pobres no Rio de Janeiro.

Encontramos, nessa fase inicial de janeiro a dezembro de 2012, 114 vídeos, desde clipes feitos por cineastas e veículos da imprensa até vídeos mais brutos, captados no calor do momento pelos celulares e câmeras de moradores atingidos, ativistas e lideranças comunitárias.

Assistimos cada minuto, ouvimos cada depoimento e checamos cada denúncia para começar a juntar os pedaços do quebra-cabeça.

Vídeo por vídeo, iniciamos um processo de curadoria para sistematizar o conteúdo, encontrar a narrativa da soma das partes e identificar os padrões recorrentes nas denúncias, depoimentos e histórias retratadas nos vídeos.

Como fizemos?

A equipe organizou o material cadastrando cada vídeo num banco de dados categorizado por vários eixos: tipo de violação denunciada, localização, estágio da remoção (antes, durante ou depois), justificativa oficial pela remoção, entre outros.

Com este banco de dados pronto, passamos então a contextualizar e validar o material, buscando três fontes independentes para corroborar as denúncias contidas em cada vídeo. E então passamos esses materiais a um grupo voluntário de advogados, que dedicou horas de atenção para vincular as denúncias a trechos específicos de leis que estavam sendo violadas, tanto nas esferas municipal/estadual/nacional quanto nos tratados e acordos internacionais de direitos humanos que o Brasil ratificou.

O que descobrimos?

Este é o retrato que emergiu: 114 vídeos foram identificados, retratando denúncias de remoções ou ameaças de remoções forçadas em 21 comunidades cariocas entre 2008-2012.

Os vídeos foram feitos pela mais variada gama de pessoas e coletivos, incluindo por movimentos sociais e organizações da sociedade civil (29%), veículos da imprensa alternativa e/ou independente (25%), cidadãos-repórteres (13%), veículos da grande imprensa (11%), e os próprios moradores das comunidades atingidas (8%). É importante ressaltar este ponto porque mostra que a mesma informação foi veiculada por uma série de fontes não-coordenadas entre si, o que invalida o argumento de que a pauta das remoções vem de algum grupo específico com interesses políticos e/ou partidários.

Os vídeos retratam comunidades vivendo os diferentes estágios de um processo de remoção, desde que as que se encontram ameaçadas de remoção (44%) até as que estão passando por remoções (27%) e outras que já sofreram remoções (14%).

ANTES da remoção:

  • violação ao direito à informação (denunciada em 44% dos vídeos examinados)
  • violação do direito à posse (denunciada em 37% dos vídeos examinados)
  • propostas inadequadas de reassentamento (denunciadas em 31% dos vídeos examinados)
  • violação do direito ao devido processo legal (denunciada em 22% dos vídeos examinados)
  • propostas inadequadas de indenização (denunciadas em 20% dos vídeos examinados)

DURANTE a remoção:

  • falta de aviso prévio adequado (denunciada em 53% dos vídeos examinados)
  • agressões, intimidações e ameaças verbais durante a remoção (denunciadas em 44% dos vídeos examinados)
  • demolição parcial das comunidades para pressionar famílias que ainda resistem (denunciada em 38% dos vídeos examinados)
  • intimidação e ameaças por parte do poder público antes da remoção ocorrer (denunciada em 35% dos vídeos examinados)
  • demolição antes da definição de um reassentamento definitivo (denunciada em 29% dos vídeos examinados)

DEPOIS da remoção:

  • falta de aviso prévio adequado (denunciada em 56% dos vídeos examinados)
  • demolição parcial das comunidades para pressionar famílias que ainda resistem (denunciada em 50% dos vídeos examinados)
  • violação ao direito à informação (denunciada em 44% dos vídeos examinados)
  • propostas inadequadas de indenização (denunciadas em 39% dos vídeos examinados)
  • propostas inadequadas de reassentamento (denunciadas em 33% dos vídeos examinados)

 

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