Fórum Justiça

Fórum Justiça se Solidariza com os Povos Indígenas Colombianos

11/05/2021
Íbero Latino-Americano

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Reproduzimos o comunicado do Conselho Regional Indígena do Cauca (CRIC), na Colômbia, sobre a grave situação de direitos humanos:

Fonte: CRIC

Comunicado de imprensa para a opinião pública nacional e internacional

A partir do dia 28 de abril foi convocada no país (Colômbia) uma greve nacional como resposta ao empobrecimento do povo, produto da agudização da sua política neoliberal e da situação humanitária do país.

A resposta do governo contra o protesto social tem sido de tratamento militar, mediante a guerra pretende resolver os conflitos sociais, esta estratégia já deixou mais de 30 pessoas assassinadas, outras desaparecidas, judicializadas, pessoas com lesões oculares, episódios de violência sexual contra mulheres; além de promover a militarização de territórios e de uma guerra suja desenvolvida por grupos paramilitares e estatais.

Nesse contexto, no dia 9 de maio de 2021, aproximadamente às 14h30 da tarde, uma chiva [1] com membros da guarda indígena se mobilizou para mediar a tensa situação (produto da greve) buscando resgatar o conselheiro maior da ACIN Tutenas [2], Harold Secué, que se encontrava no setor de Pance [3], sendo hostilizado por sujeitos desconhecidos em três veículos blindados, de cor branca, sem placa. Ao chegar no local, foram atacados com armas de fogo por homens à paisana protegidos pela polícia nacional. Tais fatos ocorreram momentos depois que o prefeito de Cali,  Jorge Iván Ospina, deu declarações afirmando que os manifestantes desenvolvem ações contra a sua “autoridade” e instigando a estigmatização das mobilizações. Igualmente se denuncia que, anteriormente, no mesmo local, houve uma tentativa de repressão e sequestro a conselheiros da ACONC [4] e à guarda cimarrona.

Rejeitamos de maneira contundente a estratégia de terrorismo de Estado para deslegitimar os protestos e criminalizá-los. Nesse sentido, a polícia, o presidente (Ivan Duque) e o ex-presidente Uribe têm atuado para gerar medo e terror entre o povo mobilizado que resiste com dignidade.

Desmentimos a polícia que afirma que foram feitos atos de vandalismo, assim como um vídeo que circula chamando a uma greve armada usando os símbolos do CRIC [5]. São campanhas que promovem desinformação, aumentam a tensa situação que se vive no marco da Greve Nacional e a violência contra o povo mobilizado.

Denunciamos que houve ataques a ônibus, caminhões e às equipes de segurança, em que, felizmente, todos saíram ilesos.

Diante esses fatos, condenamos e exigimos:

  1. Garantias para o legítimo exercício do protesto social, do trabalho em defesa dos Direitos Humanos e dos meios alternativos de comunicação;
  2. Desmilitarização dos territórios rurais e urbanos;
  3. Exigimos resposta das autoridades nacionais e locais diante de ações de grupos extremistas, da tentativa de sequestro de um dos porta-vozes da minga e dos ataques contra as comunidades;
  4. Conclamamos o ministério público a desenvolver sua tarefa de defesa dos direitos humanos em lugar de manter uma atitude passiva diante da violência estatal; Responsabilizamos a governadora do departamento de Valle e o prefeito de Cali pelos níveis desproporcionais de repressão e por suas declarações que promovem ataques e o aumento da violência e negação dos fatos criminais que são vividos na cidade;
  5. Responsabilizamos o Estado colombiano por esse massacre e pelo genocídio em curso contra o povo mobilizado;
  6. Desmentir o comunicado em que a polícia nacional assegura que auxiliou a guarda indígena no setor de Cañas Gordas6. Pelo contrário, os que dispararam contra os mingueros foram protegidos pela polícia;
  7. Exigimos a renúncia do ministro de defesa, dos comandantes do Exército Nacional e da polícia como responsáveis diretos por esta situação;
  8. Instamos à comunidade internacional a exigir que o Estado colombiano pare a violação dos DDHH e a violação do direito humanitário;
  9. Responsabilizamos o presidente da república, Iván Duque, sobre qualquer coisa que possa ocorrer diante da iminente intervenção na concentração de manifestantes localizada no momento corrente na Universidad del Valle.

Ante essa situação, seguimos nos fortalecendo na Greve Nacional e rejeitamos de maneira contundente a política repressiva e militar do governo. Igualmente, recomendamos que não se aceite nenhum tipo de encontro com o governo até que não se tenham plenas garantias e as devidas responsabilidades pelas vítimas do terrorismo de Estado não sejam reconhecidas.

Organizações sociais e populares que se encontram em minga no marco da Greve Nacional- Universidad del Valle, Cali- Valle del Cauca.
Tradução livre pela Coletiva Mulheres em Migração pela Paz

 

Fonte original em espanhol:

Comunicado de prensa a la opinión pública Nacional e Internacional

[1] transporte – ônibus escada

[2] ACIN – Asociación de Cabildos Indígenas del Norte del Cauca.

[3] Região da cidade de Cali.

[4] ACONC – Asociación de Consejos Comunitarios del Norte del Cauca.

[5] Conselho Regional Indigena de Cauca – CRIC

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