Fórum Justiça

CARTA DO ENCONTRO ESTADUAL DA RENAP/RS 2017

28/11/2016

Compartilhe!

Nos dias 18 e 19 de novembro, cerca de 70 militantes, reuniram-se no encontro Estadual da Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares-RENAP/RS. O Encontro ocorreu no Auditório do Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisa e de Fundações Estaduais do Rio Grande do Sul-RS, SEMAPI. Teve como tema central as manifestações populares e suas formas de resistência. Contou com a presença de Movimentos Populares, como MST, MAB, MLB e MTST; de espaços que trabalham para o aperfeiçoamento das instituições em prol dos Direitos Humanos, como a Associação dos Juízes pela Democracia-AJD, o  Conselho Estadual de Direitos Humanos e a Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública do Estado; e organizações que trabalham na defesa do meio ambiente e na promoção da agroecologia.

A conjuntura política e social esteve presente nos debates, com muita preocupação, pelo ascenso da direita e seus valores, que acirram os conflitos e a exclusão social. O Golpe jurídico-parlamentar, com apoio da mídia, ocorrido por meio do impeachment da Presidenta Dilma, desencadeou uma série de ataques a direitos sociais, como no caso da PEC 55. Este Encontro foi, então, um momento de reafirmação do compromisso da advocacia popular com as causas dos movimentos populares, com os /as excluídos/as, com os/as desfavorecidos/as.

Nesse sentido, os membros da RENAP-RS criticaram as arbitrariedades, ataques e perdas de direitos, que vêm sendo convalidados por parte do Poder Judiciário e demais órgãos do Sistema Jurisdicional. Por exemplo, a flexibilização do principio constitucional da presunção de inocência e a possibilidade de prisão antes do trânsito em julgado pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal- STF definidos no HC 126.292/SP e nas ADC’s nº 43 e 44, rasgando o texto constitucional, bem como a restrição aos direitos de greve do funcionalismo público e uma série de retrocessos no âmbito trabalhista, previdenciário, etc. Além disto, há inúmeros casos de liminares perpetradas em face dos estudantes que se opõem à PEC 55 e estão ocupando escolas, institutos federais e universidades públicas, acirrando os conflitos sociais no país, tornados caso de polícia. Não se está construindo possibilidades de diálogo, demonstrando a incapacidade dos órgãos jurisdicionais em lidar democraticamente com as manifestações populares e o direito de resistência ao desmonte do Estado Democrático de Direito, que vem sendo realizado pelo governo de fato, sob a chancela daqueles que deveriam proteger a Constituição.

A Operação Castra no Paraná, a invasão da Escola Florestan Fernandes em São Paulo e a prisão de militantes do MST foram trazidas para o Encontro. Estas iniciativas de governos e parte do Ministério Público e Judiciário tentam criminalizar os movimentos sociais, enquadrando-os na Lei que trata de organização criminosa. A Rede, que se articula em prol de direitos humanos fundamentais, não aceita esta aplicação da citada Lei. Felizmente, o Superior Tribunal de Justiça- STJ, afastou este entendimento, seguindo o que garante a Constituição Federal, o direito de manifestação e de organização. Da mesma forma, a criminalização dos povos indígenas, em especial dos kaigangs, soma-se a esta conjuntura adversa no Estado. A RENAP-RS, então, ratificou sua postura contra a criminalização dos movimentos populares; também contrária ao Marco Temporal da Constituição de 1988, para o reconhecimento do direito ao território de indígenas e quilombolas, propondo-se a contribuir com Amicus Curiae, neste sentido.

A luta pela moradia também foi tema de intenso debate, reconhecendo a importância da luta de diversos movimentos que atuam em Porto Alegre-RS. A Ocupação Lanceiros Negros, representada no Encontro, é símbolo desta resistência da população, que sofre com a desigualdade social, racismo institucional e pelos interesses econômicos de pequena parcela da sociedade.

Repudiou-se, também, a Ação de Descumprimento de Preceito Constitucional- ADPF do DEM contra a Lei nº 7.747/1982, que veda agrotóxicos no Estado, que sejam proibidos em seu país de origem.  A RENAP-RS, assim, organizar-se-á em favor da preservação ambiental, do direito à saúde e à vida, no combate ao uso abusivo dos agrotóxicos.

A RENAP-RS ainda colocou a sua disposição em contribuir com a democratização das instituições do sistema de justiça, no sentido de necessitarem de um maior controle e participação social. A atuação midiática de alguns órgãos, atendendo a certos interesses distantes de suas funções, não efetiva direitos e prejudicam a busca pelo bem comum, na consolidação do Estado Democrático de Direito.

Às vésperas do Encontro Nacional da RENAP, que ocorrerá dias 30/11 à 03/12, em Curitiba-PR, a RENAP-RS fez seu debate buscando contribuir com a Rede em âmbito Nacional e sua razão de ser, os movimentos populares, debatendo a sua atuação em 2016 e as perspectivas para 2017. A luta do povo por seus direitos, positivados ou não, é o compromisso maior desta articulação que chega aos seus 21 anos!

 

Download Nulled WordPress Themes
Download WordPress Themes
Download WordPress Themes Free
Download Nulled WordPress Themes
free download udemy course
download lava firmware
Free Download WordPress Themes
udemy course download free