Fórum Justiça

Marcha Nacional Contra a Mídia Machista

24/08/2012

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http://marchanacionalcontramidiamachista.wordpress.com/manifesto/

A mídia é uma das influências mais diretas e efetivas sobre a população. É ela que, muitas vezes, forma opiniões, constrói e desconstrói mitos sociais, e retrata ou distorce a realidade. No meio midiático há uma grande parcela machista, que reforça estereótipos femininos e masculinos, alimentando a ideia de que o homem é superior à mulher e pode usufruir dela como lhe convier. A mídia machista ignora as conquistas das mulheres à medida que as trata como dependentes e brindes dos homens e as apresentam como protagonistas apenas na esfera doméstica.

A mídia machista distorce o real contexto da mulher na sociedade, incentivando e retratando algo que não é plausível – reduz e ignora as conquistas das mulheres enquanto incentiva a população à pensar de modo retrógrado e opressor.

Alguns exemplos de campanhas publicitárias machistas são os de cosméticos e vestuário em geral, onde a mulher é retratada como a alienada dependente financeiramente do marido. Já nas propagandas de carros, o homem sempre dirige e precisa de praticidade para o dia-a-dia do trabalho e agilidade para a prática de esportes – já a mulher está quase sempre no banco do passageiro, apenas sorrindo para sua situação de dependência e controlando a bagunça das crianças. Os comerciais de produtos de limpeza e serviços domésticos em geral também se direcionam sempre às mulheres, considerando-as as serviçais da casa em primeira instância, sempre.

Já há algum tempo, estamos inconformados e protestando pela mudança do comportamento da mídia em relação às mulheres. Uma recente divulgação da marca de preservativos Prudence fomentou o debate sobre a mídia machista: a “Dieta do Sexo” apresentava as calorias perdidas ao tirar a roupa de uma mulher sem o seu consentimento.

Diante da visível apologia ao estupro, protestos foram feitos via Facebook, o que culminou na retirada da publicação da rede social. Em meio a tudo isso, surge o debate sobre a campanha publicitária “O Homem Invisível”, da Nova Schin, que foi o estopim para a mobilização social e a criação da Marcha Contra a Mídia Machista.

Há alguns meses, vem sendo veiculada na TV a propaganda da Nova Schin, com apologia ao estupro. No comercial publicitário, cinco homens que bebem num quiosque de praia imaginam: “E se fôssemos invisíveis?” Já no campo da imaginação, tudo o que se vê é uma latinha flutuante, e então, o “homem invisível” aproveita de seu “poder” para passar a mão em mulheres deitadas na areia e invadir o vestiário feminino, fazendo as moças saírem correndo de dentro do lugar, seminuas.

A propaganda da Nova Schin presta um desserviço à sociedade enquanto corrobora com a mentalidade de que abusar de uma mulher e invadir sua privacidade é aceitável, e pior que isso, engraçado. Não é engraçado. O estupro não configura apenas a penetração vaginal. Desde 2009, praticar qualquer ato libidinoso sem consentimento da outra parte envolvida é estupro é É CRIME.

Nos mobilizamos, mas a Nova Schin não quer ouvir. Todos os protestos na página do Facebook são apagados e ignorados, e a propaganda continua no ar, a todo vapor. Por este motivo, apelamos ao CONAR pela retirada imediata de circulação da propaganda, e exigimos da empresa Nova Schin uma retratação correta, não apenas: “Não foi nossa intenção ofender ninguém”. O CONAR disse, em resposta aos e-mails de protesto, que o caso foi arquivado em março, pois, por maioria de votos, foi decidido que a campanha publicitária não representava apologia ao estupro por ser uma situação “absurda” (alguém ficar invisível), além de, ao fim do comercial, o homem ser ignorado pelas mulheres.

A situação é absurda no comercial, mas a incitação ao estupro é real, e os fatos também são: segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de 2011, pelo menos oito mulheres são agredidas por hora no Brasil, e na capital de São Paulo, uma mulher é estuprada a cada três horas. No Brasil, aconteceram cerca de 91 mil assassinatos de mulheres nos últimos 30 anos, segundo o Mapa da Violência 2012. Ao incentivar este tipo de comportamento abusivo dos homens para com as mulheres, a mídia colabora para a cultura de estupro e violência contra a mulher brasileira.

Comerciais como o da Nova Schin reforçam a ideia de que abusar e invadir a intimidade de uma mulher é aceitável. Porém, este não é um caso isolado: a grande maioria da indústria cervejeira ignora o papel das mulheres como consumidoras, reduzindo-as apenas a brindes sexuais e serviçais. Campanhas de marcas como Skol, Brahma e Devassa colocam a mulher em situação de serva e incapaz, sendo assim, apenas instrumentos do prazer sexual do homem.

Somos consumidoras que pagam por seus produtos com o dinheiro de seu próprio trabalho. A indústria responsável por estes mesmos produtos usa o lucro que nós mesmas proporcionamos a eles para distorcer e depreciar-nos em suas campanhas publicitárias. Somos obrigadas a assistir o desrespeito de empresas que nos tem também como fonte de lucro. Chega.

Chega da mídia machista se retroalimentar com a população alienada. Chega de sermos retratadas de forma errônea e desrespeitosa, chega de nossas conquistas e lutas serem ignoradas em prol do lucro que se ganha em cima da ignorância do povo. Nossa Marcha luta para que sejamos de uma vez por todas aceitas nas várias posições que ocupamos: Mães casadas, mães solteiras, trabalhadoras de jornada dupla, donas de casa, lésbicas, bissexuais, transsexuais, negras, brancas, baixas, altas, magras ou gordas. Todas merecemos respeito e crédito por nossas lutas. No dia 25 de agosto de 2012, marcharemos em diversas cidades do Brasil contra a desvalorização e coisificação da mulher na mídia machista.

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